quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A criança em processo de alfabetização


WRONSKI, Nelsa Jesiorski.
MEIRELES, Adriana de.
SANTOS, Josiana Maria dos.
FERREIRA, Angela Maria da Costa.

Reconhecer que a criança elabora teorias a respeito do sistema de escrita é fundamental para que o professor compreenda os processos pelos quais ela passa para se apropriar desse sistema. Esses processos são revelados quando a criança encontra no ambiente alfabetizador um espaço para a expressão dos seus pensamentos, de suas formas de compreensão e dos seus “erros”. Além desse espaço de expressão, a criança necessita ser estimulada e desafiada para que reveja as hipóteses construídas e as abandone por hipóteses mais generalizadas.
            Como todo processo de elaboração de conhecimento, compreendido na sua dimensão dialética, é importante perceber que, ao transformar o objeto de conhecimento, a criança também se transforma e, quando este processo se dá de forma significativa, ela possui a seu dispor novos esquemas mentais que utilizará nos próximos desafios. Porém, é preciso ressaltar que cada criança possui um ritmo próprio para essa elaboração.
          Isso significa que a alfabetização não é o desenvolvimento da capacidade relacionada à percepção, memorização e treino de um conjunto de habilidades sensório-motoras. É, antes, um processo no qual as crianças precisam resolver problemas de natureza lógica até chegarem compreender de que forma a escrita alfabética em português representa a linguagem, e assim poderem escrever e ler por si mesmas. Nessa perspectiva, a aprendizagem da linguagem escrita é concebida como a compreensão de um sistema de representação e não somente como aquisição de um código de transcrição da fala.
            Na concepção atual, a alfabetização não precede o letramento, os dois processos podem ser vistos como simultâneos, entendendo que no conceito de diferente, alfabetização estaria compreendido o de letramento e vice-versa. Isto será possível se a alfabetização for entendida além da aprendizagem grafofônica e que em letramento inclui-se a aprendizagem do sistema de escrita. A conveniência da existência dos dois termos, que embora designem processos interdependentes, indissociáveis e simultâneos, são processos de natureza diferente, uma vez que envolve habilidades e competências específicas, implicando, com isso, formas diferenciadas de aprendizagem e em consequência, métodos e procedimentos diferenciados de ensino. De acordo com Soares (2003), alfabetização e letramento são processos distintos, de natureza essencialmente porém, são interdependentes e indissociáveis, pois uma pessoa pode ser alfabetizada e não ser letrada ou ser letrada e não ser alfabetizada.

MARUNY, Luís Curto. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a ler e a escrever. Porto Alegre: Artmed. Editora, 2000.

SOARES, Magda. Letramento e escolarização. São Paulo: Global, 2003.

Palavras-Chave: Criança; Ler; Escrever.

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