quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ludicidade


WRONSKI, Nelsa Jesiorski.
PEREIRA, Anne Carolina da Silva.
SOUZA, Ângela Marques
BARROS, Beatriz Regina de.
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O autor supracitado ressalta que esse mundo podia ser pequeno, mas era eminentemente coerente, uma vez que os jogos caracterizavam a própria cultura, a cultura era a educação, e a educação representava a sobrevivência. A brincadeira é um elemento da cultura. A criança não brinca numa ilha deserta. Ela brinca com as substâncias materiais e imateriais que lhe são propostas. Ela brinca com o que tem na mão e com o que tem na cabeça. Os brinquedos orientam a brincadeira, trazem-lhe a matéria. Algumas pessoas são tentadas a dizer que eles a condicionam, mas, então, toda brincadeira está condicionada pelo meio ambiente. Só se pode brincar com o que se tem, e a criatividade, tal como a evocamos permite ultrapassar esse ambiente, sempre particular e limitado. 
A fantasia e a vontade de brincar são natos nas crianças, mas a forma como se brinca e o objeto são elementos da cultura e precisam ser ensinados,  neste sentido, as brincadeiras também precisam ser ensinadas na escola. Se o elemento deste conjunto de conhecimentos que se deseja transmitir seja o “o que” do jogo, ou seja, fizer parte do seu desenrolar, de sua estratégia, de seus elementos de fantasia, da imaginação, o jogo funcionará como uma mídia, um veículo de transmissão, uma interessante ferramenta educacional. A inclusão do jogo infantil nas propostas pedagógicas remete-nos para a necessidade de seu estudo nos tempos atuais. A importância dessa modalidade de brincadeira justifica-se pela aquisição do símbolo. Ao brincar de faz de conta a criança está aprendendo a criar símbolos. Os jogos de construção são considerados de grande importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da criança.
Do ponto de vista histórico, a análise do jogo é feita a partir da imagem da criança presente no cotidiano de uma determina época. O lugar que a criança ocupa num contexto social específico, a educação a que está submetida e o conjunto de relações sociais que mantém com personagens do seu mundo, tudo isso permite compreender melhor o cotidiano infantil, é nesse cotidiano que se forma a sua autoimagem e a do seu brincar.
O lúdico e as suas atividades infantis desde a antiguidade possuem passagens relevantes na história social e humana. Até mesmo na trajetória do desenvolvimento da humanidade, na antiguidade, todas as crianças e adultos participaram dos mesmos ritos e brincadeiras.  Dessa forma, a sociedade, sem separação de idade, vivenciava seus laços e zelava por sua união. Convém evidenciar que os jogos constituíram sempre uma forma de atividade inerente ao ser humano. Entre os primitivos, as atividades de dança, caça, pescam e lutas eram tidas como de sobrevivência, ultrapassando muitas vezes o caráter restrito de divertimento e prazer natural. Esse mundo podia ser pequeno, mas era eminentemente coerente, uma vez que os jogos caracterizavam a própria cultura, a cultura era a educação, e a educação representava a sobrevivência.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1980. p.6.

Palavras-Chave: Brincar; Cultura; Aprendizagem.

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